O MASSACRE DE CORUMBIARA

O sobrevivente do massacre de Corumbiara

O repórter João Peres da Rede Brasil Atual ficou algum tempo apurando o tema Massacre de Corumbiara. E agora conseguiu entrevistar um dos sobreviventes, que não falava desde 1995.
Sobrevivente do massacre de Corumbiara vive há 16 anos como ‘foragido da injustiça’

Na primeira entrevista desde a época dos fatos, Claudemir Ramos cobra um novo julgamento e afirma que já cumpriu pena até maior que a imposta pelo Judiciário

Por: João Peres, Rede Brasil Atual

São Paulo – “Estou sofrendo uma prisão psicológica.” Faz 16 anos que Claudemir Gilberto Ramos, de 38 anos, tem a cabeça a prêmio. Pelo que se sabe, são R$ 50 mil por sua morte. “Para mim, já estou cumprindo a pena até demais, mesmo não estando na prisão. Só não me entreguei porque acho injusto. Se tivesse cometido crime, tinha que pagar pelo que fiz, mas não cometi o crime.”

Claudemir se considera um “foragido da injustiça”. Desde que ocorreu o massacre de trabalhadores rurais em Corumbiara, a 700 quilômetros de Porto Velho (RO), ele não sabe o que é endereço fixo, trabalho com registro em carteira ou convívio familiar. Condenado a 2.008 anos de reclusão, reclama um novo julgamento e uma efetiva apuração dos fatos ocorridos na madrugada de 9 de agosto de 1995, quando ao menos 12 sem-terra foram mortos por policiais militares e pistoleiros na Fazenda Santa Elina.

Esta semana, Claudemir quebrou o silêncio pela primeira vez desde a época do massacre em entrevista concedida à Rede Brasil Atual e à TVT. Tenso, contou que não sabe quando foi a última vez que viu as filhas nem a mãe, e expôs sua versão do ocorrido, que na visão da Organização dos Estados Americanos (OEA) representa um erro cometido pelo Brasil devido às execuções realizadas por policiais e ao júri repleto de inconsistências.

Claudemir e seu colega Cícero Pereira Leite foram condenados com base em uma peça do Ministério Público Estadual que se baseou quase que exclusivamente na investigação da Polícia Civil. Esta tomou como fundamento a apuração conduzida pela Polícia Militar, envolvida na operação.

Movimento pede a Dilma nova investigação do massacre de Corumbiara

São Paulo – O Comitê Nacional de Solidariedade ao Movimento Camponês Corumbiara entregou carta à presidenta Dilma Rousseff solicitando uma nova apuração sobre o massacre de 12 trabalhadores rurais ocorrido em 1995, em Rondônia. O documento protocolado nesta segunda-feira (21) no escritório da Presidência da República em São Paulo chama atenção para a necessidade de solucionar uma “grande injustiça” nos episódios levados a cabo em 9 de agosto daquele ano.

Na ocasião, policiais militares e pistoleiros abriram fogo durante a madrugada contra sem-terra que ocupavam a Fazenda Santa Elina, no município de Corumbiara. Durante o conflito, dois civis e dois policiais morreram. Após o controle da situação, os agentes de segurança deram início a uma sessão de tortura e promoveram ao menos doze execuções.

“Durante anos muito sangue já foi derramado, muitas vidas perdidas e até hoje não foi possível uma reforma agrária séria e eficaz”, ressalta o padre Leo Dolan, presidente do Comitê de Solidariedade, no ofício apresentado a Dilma. Na última semana, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara já havia recebido material semelhante no qual se solicitava saber quais atitudes haviam sido tomadas pelo Estado desde o dia do massacre.

Fontes: Brasil Atual e Blog do Nassif
Postado por Ernesto Albuquerque

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